No fascinante mundo dos e-commerces orientais, uma singela estatueta, antes mero item de colecionador, galgou o estrelato… no departamento policial sul-coreano! Imaginem só, uma bonequinha causando mais alvoroço que um k-pop em promoção…
A peça da discórdia, originária da mente criativa (e aparentemente controversa) do artista nipônico K Pring, e lançada em janeiro, ousou inspirar-se no meme “Dongtan Missy”. Para os não iniciados, trata-se de uma referência bem-humorada (ou nem tanto, dependendo do ponto de vista) à moda feminina do badalado bairro de Dongtan, lar de inúmeras celebridades coreanas. A responsável pela materialização dessa musa fashion em plástico é a Ensoutoys, com a distribuição internacional a cargo da japonesa GoodSmile Company.
Batizada de “Dongtan Missy”, “Misaiden” e “Mi-Rook”, a figura em questão desfila por aí com um vestido justíssimo e um decote… digamos… expressivo. Tal ousadia estética não passou incólume pelos olhos atentos dos moradores de Hwaseong, na província de Gyeonggi. Segundo o portal Yonhap News, a prefeitura e as delegacias locais foram inundadas por queixas exigindo o banimento imediato da “Missy”.
As alegações? Graves! A estatueta venderia uma “imagem negativa” da pacata vizinhança e, pasmem, faria “comércio sexual” das respeitáveis moradoras. A prefeitura, sempre solícita (e talvez um tanto perplexa), contabilizou mais de uma centena de reclamações e mergulhou em sesudos estudos legais. O veredito preliminar, contudo, é de uma lógica irrefutável: como difamar um conceito? A Suprema Corte já cantou essa pedra: para ter crime, precisa-se de um difamado com nome e sobrenome, e a tal “Missy” é apenas uma ideia fashionista em forma de boneca.
No epílogo dessa novela bizarra, alguns e-tailers, talvez num acesso de prudência ou ‘mea-culpa’ silenciosa, retiraram o fatídico “Dongtan” de suas listagens. Seria um reconhecimento velado da polêmica? Um ato de marketing reverso? Ou apenas uma tentativa de evitar mais cliques nervosos? O mistério paira no ar, assim como a imagem da “Missy” de vestido colado, agora sob o olhar atento da lei e da internet. Ah, a fascinante complexidade da cultura pop global!